segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O que é a Terapia Ocupacional

Terapia Ocupacional é a ciência que estuda a actividade humana e a utiliza como recurso terapêutico para prevenir e tratar dificuldades físicas e/ou psicossociais que interfiram no desenvolvimento e na independência do cliente, relativamente às actividades de vida diária, trabalho e lazer. É a arte e a ciência de orientar a participação do indivíduo em actividades seleccionadas para restaurar, fortalecer e desenvolver as capacidades, facilitar a aprendizagem de habilidades e funções essenciais para a adaptação e produtividade, diminuir ou corrigir patologias e promover e manter a saúde (O.M.S.)

          


http://www.youtube.com/watch?v=m6IXhMLgErA



Papel do Terapeuta Ocupacional

O Terapeuta Ocupacional habilita o individuo para a ocupação, promove a capacidade de indivíduos, grupos, organizações e da própria comunidade, de escolher, organizar e desempenhar, de forma satisfatória, ocupações que estes considerem significativas, de forma a promover a saúde e o bem-estar.


World Health Organisation’s International Classification of Functioning and Disability (2002).




Artigos sobre o papel do Terapeuta Ocupacional em algumas áreas de intervenção:


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The Role of Occupational Therapy in Oncology

 http://pt.scribd.com/doc/56729612/The-Role-of-Occupational-Therapy-in-Oncology -oncologia


Occupational Therapy’s Role in Mental Health Recovery:



 http://pt.scribd.com/doc/56729610/Occupational-Therapy%E2%80%99s-Role-in-Mental-Health-Recovery -saúde mental


Mental Health in Children and Youth: The Benefit and Role of Occupational Therapy:

 http://pt.scribd.com/doc/56730121/Mental-Health-in-Children-and-Youth-The-Benefit-and-Role-of-Occupational-Therapy -saude mental em crianças e jovens


Home Modifications and Occupational Therapy:

http://pt.scribd.com/doc/56730112/Home-Modifications-and-Occupational-Therapy-modificação da casa


The OT Role in Rehabilitation for the Person With an Upper-Limb Amputation:

http://pt.scribd.com/doc/56730098/The-OT-Role-in-Rehabilitation-for-the-Person-With-an-Upper-Limb-Amputation -t.o para amputados


Occupational Therapy In School Settings:

http://pt.scribd.com/doc/83546450/Occupational-Therapy-In-School-Settings-na escola


Occupational Therapy’s Role in Senior Centers:

http://pt.scribd.com/doc/56730096/Occupational-Therapy%E2%80%99s-Role-in-Senior-Centers-nos lares de idosos


Occupational Therapy’s Role in Health Promotion:

http://pt.scribd.com/doc/83544898/Occupational-Therapy%E2%80%99s-Role-in-Health-Promotion-t.o na promoção de saúde

Terapia Ocupacional como campo do saber e de intervenção

Intervenção da Terapia Ocupacional em Pediatria: Tratamento do neuro-desenvolvimento-Bobath 

O tratamento do neuro-desenvolvimento baseia-se no princípio de que para a concretização de uma competência motora é fundamental existirem mecanismos de reflexos posturais normais, sendo que estes consistem nas reacções de equilíbrio e rectificação. Estes estão na base do tónus normal, enervação recíproca, e padrões normais de coordenação. (Bobath 1971)
Assim, a técnica de Bobath que faz parte do tratamento do neuro-desenvolvimento utiliza os reflexos para inibir ou produzir uma resposta motora respeitando sempre os princípios da normalização do tónus e da experimentação de um movimento ou de um controlo estático normal.
Esta técnica permite a “resolução de problemas na avaliação, tratamento e na forma de lidar com o indivíduo com limitações nas suas capacidades que impedem a sua participação nas actividades diárias, devido a problemas motores, incluindo tónus e padrões de movimento, sensoriais, perceptuais e cognitivos, resultado de lesão ao nível do sistema nervoso central. “(EBTA 2004)
A abordagem de Bobath é bastante utilizada no tratamento da Paralisia Cerebral, reconhecendo que não se pode tratar todas as crianças com PC da mesma forma. 







Terapia Ocupacional como campo do saber e de intervenção

O que disse a Sr Bobath:

“…uma forma revolucionária de pensar, observar, interpretar o que o paciente faz e então ajustar o que nós fazemos em termos de técnicas – para ver e sentir o que é necessário e possível eles atingirem. Nós não ensinamos o movimento, permitimos que este seja possível”.

(1981)

Locais e Áreas de Intervenção no âmbito da Terapia Ocupacional

Locais de intervenção do Terapeuta Ocupacional:

  Hospitais
o   Hospitais Psiquiátricos
o   Centros de Saúde
o   Centros de Dia
o   Lares
o   Instituições Privadas de Solidariedade Social
o   Cooperativas de Ensino e Reabilitação de Crianças Inadaptadas
o   Associações Portuguesas de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental
o   Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral
o   Clínicas de Reabilitação
o   Escolas
o   Jardins de Infância
o   Clínicas de Saúde Mental
o   Empresas de Produtos de Apoio
o   Ajudas Técnicas
o   Empresas em geral



      Áreas de intervenção:

o   Reabilitação física;
o   Saúde mental;
o   Educação;
o   Contexto Hospitalar;
o   Alterações sensoriais;
o   Oncologia;
o   Gerontologia;
o   Saúde do trabalhador;
o   Alterações do desenvolvimento;
o   Campo social.


Exemplo de uma área de intervenção em desenvolvimento




http://www.youtube.com/watch?v=r_8iPUmUiIM&feature=c4-overview&list=UUMP3f-l2VKJ2aoYjoTUKAUw

Pertinência da Terapia Ocupacional no panorama clínico

A prática do terapeuta ocupacional não se centra apenas nas disfunções causadas pelas patologias mas também em situações como a desocupação, alienação, desequilíbrio ou injustiça ocupacional.

A terapia ocupacional vê o conceito de saúde como amplo, isto é as necessidades ocupacionais de cada individuo conduzem à perspectiva de disfunção ocupacional e bem-estar que não é limitada pela visão médica da doença. Na nossa sociedade actual, os terapeutas ocupacionais em hospitais e clínicas deparam-se com a tradicional visão da medicina de doença e invalidez, e portanto a prática de terapia ocupacional é ainda, em muitos locais, vista como uma profissão que não pode alcançar o seu máximo potencial ao fazer a diferença na vida das pessoas, e a sua grande consequência que advém deste pensamento, é que a maior parte dos utentes, sai destas instalações hospitalares ainda sem preparação suficiente para conseguir ser autónomo e eficaz nas suas actividades significativas. 
      
Contudo na prática clínica, os médicos e outros profissionais de saúde são muitas vezes surpreendidos pela forma de como o Terapeuta Ocupacional vê o potencial em pessoas portadoras de deficiência, e através do uso criativo da ocupação trabalham a sua participação e autonomia, mesmo quando os outros profissionais de saúde permanecem com uma visão negativa acerca daquele individuo.

Assim sendo a importância da terapia ocupacional no panorama clinico sugere que todos os profissionais de saúde devam olhar para o cliente como um cidadão que se encontra inserido numa sociedade, havendo a necessidade de descobrir e apoiar os seus aspectos positivos.

O Terapeuta Ocupacional habilita o individuo para a ocupação, promove a capacidade de indivíduos, grupos, organizações e da própria comunidade, de escolher, organizar e desempenhar, de forma satisfatória, ocupações que estes considerem significativas, de forma a promover a saúde e o bem-estar.



World Health Organisation’s International Classification of Functioning and Disability (2002).



http://www.youtube.com/watch?v=yA4Sa-Hez8U




Terapia Ocupacional em Portugal e no Mundo

A Terapia Ocupacional formou-se oficialmente como profissão no início do século XX. Este termo apareceu no início desse século, devido a um arquitecto americano, de seu nome George Burton, que foi o impulsionador de uma instituição em Clifton Springs (Nova Iorque), onde as pessoas através da ocupação eram reeducadas e auxiliadas, de modo a poderem dar de novo um significado às suas vidas. Não existem registos históricos da Terapia Ocupacional antes desta época, existe só referência para a relevância da ocupação como processo terapêutico ao longo dos séculos. Por exemplo, já em 2600 a.C., os chineses pensavam que a doença era originada através da inactividade física, usando o treino físico como terapia.

Ao longo do tempo, muitos foram os registos assinalados acerca da importância da ocupação, sendo na maior parte das vezes relacionados com o tratamento da doença mental. Contudo, só em 1786, o médico francês Philippe Pinel, daria começo a uma reforma com implicações profundas no tratamento dos doentes mentais instalados em asilos. Essa reforma valorizou a relevância da ocupação, ficando ligada ao conceito de Tratamento Moral. Philippe Pinel determinaria práticas físicas e ocupações manuais como forma de terapia. Esta recente postura começou a ser divulgada e a ter uma maior concordância no decorrer do século XX, levando assim ao gradual envolvimento dos doentes mentais nos trabalhos dos asilos onde estavam introduzidos.

A primeira pessoa a fundar um curso que poderia ser reconhecido como precursor da profissão de Terapia Ocupacional foi Susan Tracey, enfermeira-chefe do Adams Nervine Hospital de Boston (EUA). Tracey iniciou uma formação destinada a estudantes de enfermagem em 1906 e posteriormente em 1910 resolveu divulgar o conteúdo das suas aulas em formato de livro.

Juntamente, em 1908, estreou-se um curso de treino ocupacional na Chicago School of Civics and Philanthropy, para preparar enfermeiras destinadas a trabalharem em estabelecimentos de saúde mental.
Foi também nessa altura, que o arquitecto Jorge Barton começou a estruturar os fundamentos do que seria definido como conceito de Terapia Ocupacional. Foi no principio do século XX, que a ideia de usar a ocupação no tratamento de pessoas com doença mental foi implementada.

Os primeiros serviços de Terapia Ocupacional na área das inaptidões físicas valorizavam o exercício articular e muscular e usufruíam de vários instrumentos e diversas maquinarias adaptadas (tais como, máquinas de serrar com pedais), prevalecendo actividades como a carpintaria e a pintura. A Dr.ª Elisabeth Casson, em 1930, depois de ter tido contacto com as escolas americanas de Nova Iorque e Boston, decidiu criar na Dorset House Psyquiatric Nursing Home, em Bristol, a primeira escola de treino em Terapia Ocupacional na Europa.

Seria também em Inglaterra, em 1936, que se fundaria a Associação de Terapeutas Ocupacionais (AOT). Contudo, só nos países mais afectados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945) se viria a estabelecer em grande força a Terapia Ocupacional, com a formação de novas repartições onde se inseria uma forte influência militar. Visto que o trabalho tinha um papel importante na reeducação e inclusão dos soldados feridos, sobretudo através da reaprendizagem das actividades da vida diária (AVD´s) e artesanais. Surgindo assim a união da ocupação ao modelo médico, adaptando cada actividade às exigências individuais de cada pessoa, dando maior prestígio à motivação e à autodeterminação de cada um.


Diversos autores, na década de oitenta, interrogaram esta ligação ao modelo médico, ainda que aceitando ter sido relevante para a credibilidade da Terapia Ocupacional. Por vezes, mesmo sentindo a possibilidade da perda de identidade profissional (havendo por diversas vezes a semelhança entre a Terapia Ocupacional e a Fisioterapia), tendo voltado o conceito primordial que conecta a ocupação à saúde.  Aponta-se que a ocupação é o factor principal para a saúde, para o bem-estar e que dá significado à vida. No mais recente paradigma, os Terapeutas Ocupacionais, estão dispostos a actuar nas mais variadas situações onde ocorra alteração do desempenho ocupacional. 

Na sua intervenção, centrada no cliente, os Terapeutas Ocupacionais, empregam as actividades mais significativas como meio ou como objectivo final, para reimplantar o desempenho ocupacional que foi modificado. Em 1957, surgiu o curso de Terapia Ocupacional em Portugal, sendo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a principal impulsionadora desta iniciativa, tendo as primeiras Terapeutas Ocupacionais tido formação nos EUA e em Inglaterra. Ao longo dos anos de 80 e 90, o curso foi proporcionado em duas escolas distintas, sendo estas a Escola Superior de Saúde do Alcoitão, em Lisboa, e na Escola Superior de Tecnologia do Porto, no entanto devido ao aumento da procura destes profissionais, no princípio do século XXI, foram inauguradas novas escolas onde actualmente é ministrada a Licenciatura em Terapia Ocupacional.