A Terapia Ocupacional formou-se oficialmente como profissão no início do século XX. Este termo apareceu no início desse século, devido a um arquitecto americano, de seu nome George Burton, que foi o impulsionador de uma instituição em Clifton Springs (Nova Iorque), onde as pessoas através da ocupação eram reeducadas e auxiliadas, de modo a poderem dar de novo um significado às suas vidas. Não existem registos históricos da Terapia Ocupacional antes desta época, existe só referência para a relevância da ocupação como processo terapêutico ao longo dos séculos. Por exemplo, já em 2600 a.C., os chineses pensavam que a doença era originada através da inactividade física, usando o treino físico como terapia.
Ao longo do tempo, muitos foram os registos assinalados acerca da importância da ocupação, sendo na maior parte das vezes relacionados com o tratamento da doença mental. Contudo, só em 1786, o médico francês Philippe Pinel, daria começo a uma reforma com implicações profundas no tratamento dos doentes mentais instalados em asilos. Essa reforma valorizou a relevância da ocupação, ficando ligada ao conceito de Tratamento Moral. Philippe Pinel determinaria práticas físicas e ocupações manuais como forma de terapia. Esta recente postura começou a ser divulgada e a ter uma maior concordância no decorrer do século XX, levando assim ao gradual envolvimento dos doentes mentais nos trabalhos dos asilos onde estavam introduzidos.
A primeira pessoa a fundar um curso que poderia ser reconhecido como precursor da profissão de Terapia Ocupacional foi Susan Tracey, enfermeira-chefe do Adams Nervine Hospital de Boston (EUA). Tracey iniciou uma formação destinada a estudantes de enfermagem em 1906 e posteriormente em 1910 resolveu divulgar o conteúdo das suas aulas em formato de livro.
Juntamente, em 1908, estreou-se um curso de treino ocupacional na Chicago School of Civics and Philanthropy, para preparar enfermeiras destinadas a trabalharem em estabelecimentos de saúde mental.
Foi também nessa altura, que o arquitecto Jorge Barton começou a estruturar os fundamentos do que seria definido como conceito de Terapia Ocupacional. Foi no principio do século XX, que a ideia de usar a ocupação no tratamento de pessoas com doença mental foi implementada.
Os primeiros serviços de Terapia Ocupacional na área das inaptidões físicas valorizavam o exercício articular e muscular e usufruíam de vários instrumentos e diversas maquinarias adaptadas (tais como, máquinas de serrar com pedais), prevalecendo actividades como a carpintaria e a pintura. A Dr.ª Elisabeth Casson, em 1930, depois de ter tido contacto com as escolas americanas de Nova Iorque e Boston, decidiu criar na Dorset House Psyquiatric Nursing Home, em Bristol, a primeira escola de treino em Terapia Ocupacional na Europa.
Seria também em Inglaterra, em 1936, que se fundaria a Associação de Terapeutas Ocupacionais (AOT). Contudo, só nos países mais afectados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945) se viria a estabelecer em grande força a Terapia Ocupacional, com a formação de novas repartições onde se inseria uma forte influência militar. Visto que o trabalho tinha um papel importante na reeducação e inclusão dos soldados feridos, sobretudo através da reaprendizagem das actividades da vida diária (AVD´s) e artesanais. Surgindo assim a união da ocupação ao modelo médico, adaptando cada actividade às exigências individuais de cada pessoa, dando maior prestígio à motivação e à autodeterminação de cada um.
Diversos autores, na década de oitenta, interrogaram esta ligação ao modelo médico, ainda que aceitando ter sido relevante para a credibilidade da Terapia Ocupacional. Por vezes, mesmo sentindo a possibilidade da perda de identidade profissional (havendo por diversas vezes a semelhança entre a Terapia Ocupacional e a Fisioterapia), tendo voltado o conceito primordial que conecta a ocupação à saúde. Aponta-se que a ocupação é o factor principal para a saúde, para o bem-estar e que dá significado à vida. No mais recente paradigma, os Terapeutas Ocupacionais, estão dispostos a actuar nas mais variadas situações onde ocorra alteração do desempenho ocupacional.
Na sua intervenção, centrada no cliente, os Terapeutas Ocupacionais, empregam as actividades mais significativas como meio ou como objectivo final, para reimplantar o desempenho ocupacional que foi modificado. Em 1957, surgiu o curso de Terapia Ocupacional em Portugal, sendo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a principal impulsionadora desta iniciativa, tendo as primeiras Terapeutas Ocupacionais tido formação nos EUA e em Inglaterra. Ao longo dos anos de 80 e 90, o curso foi proporcionado em duas escolas distintas, sendo estas a Escola Superior de Saúde do Alcoitão, em Lisboa, e na Escola Superior de Tecnologia do Porto, no entanto devido ao aumento da procura destes profissionais, no princípio do século XXI, foram inauguradas novas escolas onde actualmente é ministrada a Licenciatura em Terapia Ocupacional.